
descendo o Parque Metropolitano de Santiago, Chile, no alto do Cerro San Cristóbal, no anoitecer de um sábado, com os bairros do nordeste da cidade em médio plano e a pré cordilheira dos Andes ao fundo, por Ricardo Imaeda
Agora que estou longe percebo melhor as semelhanças, os pontos de contato. Como disse Ítalo Calvino em ‘Cidades Invisíveis’ buscamos nas outras cidades sempre um pouco da nossa própria cidade. Os cantos preferidos, os espaços da memória. Aquele jeito de ser resistente em meio às dificuldades, persistir quando tudo parece perdido.
Ando depressa, ando sem saber, e sua luz continua a projetar meus passos em um lugar reservado, em que posso reconhecer todo o desconhecido.
Este parque é bem diferente de outros que conheci ao longo dos anos. Natural e urbano, montanha e trilhas, muitos mirantes, tão próximo do centro e tão distante de seu burburinho. Parece pairar em outro plano, como a cidade que deixei há pouco. De passagem, como as fotos que tirei e guardei para rever quando voltar.
Não tão diferente. Ele me lembra o parque da Cantareira, com outra vegetação e outros pássaros, outra gente, outros horizontes. Outro parque, mas inteiro em mim.
Anoitece devagar, na velocidade da Terra.