[ao som de ‘La notte’, de Giuseppe Anastasi, na voz de Arisa]
Admiro o talento e a maestria dos escritores que conseguem chegar a um título ao mesmo tempo impactante e sintético para seus livros. Um nome que soma beleza à tradução pertinente do significado. Pode ser tão compacto como ‘Noite escura’, de San Juan de la Cruz, ou ‘Caos calmo’, de Sandro Veronesi. Ou mais alongados, mas densos de associações, como os destes dois romances contemporâneos:
‘Chove sobre minha infância’, de Miguel Sanches Neto, uma história de aspereza e sofrimento de um menino no interior do Paraná. E ‘A solidão dos números primos’, de Paolo Giordano, uma história de jovens singulares, crescendo em paralelo, no confronto com a ‘normalidade’ de um mundo mediocrizado. São ambos exemplos do que se convencionou chamar romances de formação, que acompanham o despertar e o desenvolvimento da consciência, por vezes de modo íngreme, doloroso, por vezes iluminado.
Um título é apenas um primeiro aceno. Como a embalagem, o trailer. Mas pode também conter trilhas inteiras por onde começar a viagem.
Lembrei de ‘o volume do silêncio’ que você me indicou.