Queridos mais

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Entendo o fascínio das pessoas pelos objetos. Desde os mais simples aos mais sofisticados, máquinas com uma multiplicidade de diferentes funções. Não é apenas a utilidade, ainda que possa ser secundária, residual. Essas coisas oferecem a companhia que falta em cada dia. O afeto retribuído no espelho, a segurança de fazer parte de um mundo, qualquer mundo em que se pode reconhecer.

Penso em cada drusa de cristal, caderno, caneta, bicho de pelúcia, smartphone, relógio. Nos bilhetes de espetáculos, calendários de mesa, marcadores de livro, miniaturas de monumentos, regalos de viagem. Em cada peça que me interessou em algum momento, quando caminhei num mesmo plano que outros, mesmo que por tão pouco. Talvez por isso ainda busque mais objetos. Conscientemente mais objetos. Irracionalmente.

Não são perdições. Ainda que esgotem rápido seu poder de encanto. Deixam um rastro de fantasma que acende nessas noites de abandono em que quase riscamos de vez o nosso destino.

 

Sobre Ricardo Imaeda

Um amigo. Em passagem por terras estranhas, imigrante nativo. Tem aprendido com todas as formas de vida. Gosta de cidades e montanhas, árvores e culturas. Anda por um caminho temperado pelo zen, na incerteza de cada dia. Escreve para compreender, para encontrar.
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